«As autoridades do Centro e do Oeste não ignoram que, para além de um simples terminal para low cost, existe um potencial muito maior para um aeroporto na região que, ligado à linha de alta velocidade Lisboa-Porto, poderia fazer uma concorrência ao putativo Alcochete. É que descer do avião em Leiria e apanhar um TGV para Lisboa ou Porto, a cerca de 30 ou 40 minutos, é o tempo normal que se leva de qualquer aeroporto de uma capital europeia até ao centro da cidade.
Por outro lado, também é certo que se o Oeste e o Centro não fizerem lobby pelo seu aeroporto, já há quem se lhe antecipe e reivindique uma infra-estrutura deste tipo para a Cova da Beira. Covilhã também quer ter um aeroporto regional, que aliás já consta no Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) daquela região. E, como lembra António Carneiro, o lobby da Cova Beira, enquanto Sócrates estiver no poder, terá certamente mais força do que o do Oeste mais Centro.
Nesta medição de forças ao nível político, terá certamente uma palavra a dizer o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, que conquistou a autarquia ao PSD e ao qual o seu partido (PS) terá certamente de demonstrar algum apreço. Por outro lado, ninguém ignora que a própria Câmara de Lisboa não vê com bons olhos a perda da Portela, mas veria num aeroporto na região Centro um bom aliado com quem repartisse o tráfego, diminuindo a pressão sobre o da capital.
Neste “contar de espingardas” destaca-se ainda Coimbra, que constituiria um mercado potencial significativo para alguns dos destinos que operassem a partir de Leiria.
UM AEROPORTO EM MONTE REAL
VANTAGENS
Baixo investimento – Inferior a 30 milhões de euros. Bastaria um terminal, parque de estacionamento e acessos.
Mercado alargado – Entre o Porto e Lisboa (e Alcochete) não há outro aeroporto, pelo que há um grande mercado que abrange algumas das zonas mais densamente povoadas do pais e com maior poder de compra.
Mercado diversificado – Desde turistas nórdicos para jogar golfe no Oeste ao turismo religioso para Fátima, a homens de negócios da região Centro e passageiros sensíveis ao preço das low cost
Acessibilidades – Próximo da A8 e A17 e, no futuro, da linha de alta velocidade Lisboa-Porto e da linha do Oeste modernizada.
Custos partilhados – A Força Aérea já suporta hoje equipamentos e custos fixos para o funcionamento da base, que poderiam ser postos, mediante acordo, à disposição da componente civil.
DESVANTAGENS
Custos fixos – Um aeroporto não é só um terminal e uma pista. Implica custos fixos que têm de ser suportados, quer nele operem um ou centenas de voos por dia. Mesmo com alguns desses custos afectos à sua parte militar, o aeroporto de Valladolid deu 4,9 milhões de euros de prejuízo no ano passado.
Operações militares – A missão das esquadras militares baseadas em Monte Real não se coadunam com a partilha do tráfego civil. Ali operam os F16 de intervenção rápida, incluindo uma esquadra que estava em Beja e que para ali foi deslocada desde que este último abriu ao tráfego civil. É difícil pôr no ar em missão de emergência um F16 se for necessário ficar à espera que um avião civil lhe desimpeça o caminho.
Poder político regional – A descentralização e autonomia do poder político regional é mínima, pelo que dificilmente haveria um interlocutor para negociar e financiar as low cost como se fazem noutros sítios, bem como para definir uma estratégia coerente de acção.»
Carlos Cipriano, texto publicado no jornal “Gazeta Das Caldas”
(25 Junho 2010)
«O presidente da Câmara de Viseu garante que não tem qualquer pretensão em transformar o aeródromo municipal num aeroporto, mas não esconde que o objetivo do Município passa por ter “mais ...