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Futuro da aviação passará por melhorar ambiente

Conferência da Lufthansa Cargo sobre energia

«Já hoje, podemos voar a biodiesel! Apesar dos enormes avanços e cuidados com o ambiente, a indústria aérea tem de continuar a diminuir os consumos de combustíveis fósseis.
“Energia eficiente na carga aérea: realidade e visão”, o tema da segunda “Conferência sobre Cuidados Climáticos da Carga – 2011”, promovida pela Lufthansa Cargo reuniu cerca de 200 especialistas na última terça-feira, no Hotel Sheraton, anexo ao aeroporto internacional de Frankfurt. A partir das 10h, moderados pelo director de comunicação da Lufthansa Cargo, Nils Haupt, responsáveis da indústria logística, da ciência, da política e do jornalismo analisaram os últimos desenvolvimentos do tema que com a actual crise petrolífera ainda se tornou mais importante. Na última conferência, que foi um sucesso, as alterações climáticas e a Conferência de Copenhaga foram o tema, recordou o membro da operações da Lufthansa Cargo, Karl-Heinz Köpfle, na intervenção inicial, intitulada “A indústria da carga aérea entre a economia e a ecologia”. Desde então, a companhia aérea alemã tomou medidas, principalmente a partir do aeroporto de Frankfurt, ‘hub’ onde perto se encontram as sedes de empresas do grupo – incluindo da Lufthansa Cargo e da Lufthansa Technik, ao lado da pista de aviação, além da da própria ‘holding’, um edifício envidraçado com plantas altas dentro separado do aeroporto por estradas.
Agora, a eficiência energética é um factor de sucesso, alertou o gestor da HOLM (Casa da Logística e da Mobilidade), com sede na Alemanha: Stefan Walter explicou que estamos numa época de globalização, os limites existentes para a navegação aérea nocturna e a grande concorrência e diferença existentes na Índia, na China e mesmo na América do Norte. É por isso que o ‘cluster’ aéreo – onde trabalham cerca de 30 milhões de pessoas – tem um novo desafio, a sustentabilidade.
Para o efeito, e comparando com a situação existente no fim do século XX, já muito se fez. O responsável pelo pelouro da poluição carbónica da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), Michael Schneider, recordou que os aviões eram muito poluentes mas que hoje causam apenas 2% da poluição, sendo a rodovia causadora de 13% e os outros modos de transporte de outros 2%, sendo os demais factores de poluição extra-transportes. E, acrescentou, “desde 1990 poupamos 3,3 biliões de toneladas de dióxido de carbono”, graças às medidas tomadas pela indústria aérea. Michael Schneider mostrou os próximos objectivos da IATA para o sector: poupar 1,5% de combustível e 50% de dióxido de carbono até 2050. Para o efeito, o responsável internacional não defende mais taxas aeroportuárias e critica a ideia de, por exemplo, um voo de Nova Iorque para Singapura pagar taxas para atravessar o Oceano Atlântico, depois outra taxa quando escala em Londres, etc… O que deve ser feito – diz – é investir em investigação e tecnologia para diminuir a poluição e os consumos e para se conseguir a utilização de biofuel no transporte aéreo. Michael Schneider foi um dos responsáveis pela conseguida eliminação dos bilhetes de avião em papel em 1 de Junho de 2008 na IATA, a associação do sector que agrupa 230 companhias aéreas, 93% de todas, com sede no Canadá.
Após o ‘coffee-break’, interveio o director do Fraunhofer Institute for Materials Flow and Logistics, Michael ten Hompel, que repetiu a necessidade de investirmos em tecnologias e em sistemas de informação para poupar o ambiente. Para o efeito, o instituto que dirige tem o projecto “0 emissões no ‘hub’, que agrupa várias empresas do sector como a ‘courier’ UPS, a transitária Schenker e obviamente a própria Lufthansa Cargo.
Na mesa redonda que se seguiu, com os 5 especialistas em pé e o moderador, cada um deu a sua perspectiva do tema: a representante dos consumidores explicou que pode haver mudança de comportamentos; a da transitária salientou a importância das ofertas intermodais de transporte; a da transportadora aérea Jade – com forte implantação no Oriente – alertou que na China os problemas climáticos e da poluição (ainda) não se colocam, mas que se surgirão dado o enorme crescimento que tem existido e o representante do grupo Otto profetizou que “vamos ter de mudar de vida”. Curiosa foi a intervenção, muito aplaudida, do político presente: militante dos “Verdes”, Winfried Hermann começou por dizer que se há anos lhe dissessem que estaria num evento promovido por uma companhia aérea não acreditava… Comparando com a indústria automóvel, que está mais avançada com os projectos eléctricos, o ‘car charing’ e outros, o deputado federal membro da comissão dos transportes entende que os aviões devem pagar taxas, que a urgência no transporte não é fundamental e que somos nós, ocidentais, que poluímos a China!

Biodiesel já permite voar

Após o almoço volante, o tema da tarde era dedicado às alternativas dos consumos fósseis. O responsável do projecto biodiesel da Lufthansa, Joachim Buse, explicou que os aviões emitem 71% de dióxido de carbono e 28% de água, que o grupo Lufthansa consumiu 11,2 milhões de metros cúbicos de combustível, o que ‘obriga’ a procurar alternativas. Para o efeito, o biodiesel é uma das apostas e experiências: “Quando for aprovado, vamos fazer Frankfurt-Hamburgo, durante 6 meses, um projecto que envolve 12 empresas. Esta solução, que se prevê a partir de Maio, vai permitir testes técnicos e será uma solução para aquele tipo de voos, curtos! No painel que questionou se as energias alternativas são soluções perfeitas ou se causam novos problemas, os participantes alertaram para o ainda inexistente mercado de biodiesel e da sua regulação, a escassez da matéria-prima, mas também os enormes progressos da indústria, que tecnicamente já permitem a realização de voos com esta energia. O responsável da construtora americana Boeing atreveu-se mesmo a fazer uma previsão para os voos biodiesel terem significado na indústria aérea: 2040!»

Paulo Vilarinho, artigo publicado no jornal “Público”
(6 Março 2011)

 

 

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