«Pequim, 13 jun (Lusa) — A rede ferroviária chinesa de alta velocidade dará um grande salto em frente no dia 01 de julho, com a entrada em funcionamento da linha Pequim-Xangai, a mais extensa do mundo, com 1.318 quilómetros, e construída em apenas três anos.
A nova linha, que reduzirá para menos de cinco horas a viagem entre as duas principais cidades chinesas, é também a mais cara infraestrutura do género realizada na China, por 217.600 milhões de yuan (23.180 milhões de euros).
O início da exploração comercial, anunciado hoje, coincide com o 90º aniversario da fundação do Partido Comunista Chinês (PCC), a maior organização política do mundo, com mais de oitenta milhões de filiados, e que encara o desenvolvimento económico do país como a sua principal fonte de legitimidade.
Desde a inauguração da primeira linha de alta velocidade, no verão de 2008, a rede chinesa já ultrapassou os 8.000 qiolómetros de extensão — mais do que França, Japão, Espanha, Itália e Alemanha juntos — e, de acordo com os planos do governo, em 2020 deverá atingir 16.000 kms.
Sem abdicar do seu “papel dirigente”, e ao contrário do que aconteceu na antiga União Soviética e na Europa de Leste, o PCC presidiu a um dos mais especulares processos de desenvolvimento da História, transformando a pobre e isolada China na segunda economia do mundo. Mas a construção da linha Pequim-Xangai evidenciou também outro persistente problema da China e uma das grandes ameaças à credibilidade do PCC: a corrupção.
No passado dia 23 de março, o Gabinete de Auditoria Nacional da China (NAO) anunciou ter detetado um desvio de 187 milhões de yuan (20 milhões de euros) na construção daquela linha.
O desfalque, detetado em 2010, foi anunciado um mês depois de o próprio ministro dos caminhos-de-ferro, Liu Zhijun, ter sido afastado por corrupção, juntamente com um dos engenheiros-chefes responsáveis pelo programa de alta velocidade.
Membro do Comité Central do PCC, Liu Zhijun “embolsou” 822 milhões de yuan (90,5 milhões de euros) de companhias desejosas de ganhar contratos no trepidante sector ferroviário, incluindo “muitas empresas estatais”, disse um jornal de Pequim.
O comboio mais rápido entre Pequim e Xangai demora atualmente 10 horas e os bilhetes custam entre 327 e 730 yuan (35 a 78 euros). Os mais lentos, que demoram 22 horas, custam no mínimo 158 yuan (17 euros).
De avião, a viagem faz-se em apenas duas horas, mas o preço ronda os 1.200 yuan (130 euros).
Na nova linha, dois terços dos 90 comboios diários em cada sentido poderão atingir 300 quilómetros à hora, fazendo a viagem em quatro horas e 48 minutos, e os restantes, que andam a 250 Kms/h, demoram sete horas e 56 minutos.
Os preços também variam, conforme a classe e a velocidade, entre 410 e 1.750 yuan (44 a 186 euros).
São preços ainda “experimentais”, mas “competitivos”, disse um vice-ministro dos Caminhos-de-ferro, Hu Yadong, ao anunciar a abertura da “maior linha jamais construída de uma só uma vez e com os mais altos padrões tecnológicos do mundo”.»
António Caeiro, da agência Lusa, artigo publicado na página de internet “Sic Noticias”
(13 Junho 2011)
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