«A venda da Groundforce, a operadora de handling detida pela TAP, poderá estar concluída no prazo de duas semanas. Essa é, pelo menos, a expectativa de Fernando Pinto, presidente da transportadora aérea estatal.Gestor diz que o valor das propostas está “em linha com as previsões” e que já foi feito “um filtro maior” aos concorrentes. Manter-se-ão na corrida duas empresas do sector e um fundo de investimento.
À margem da conferência anual da Airports Council International, que decorre até hoje no Centro de Congressos do Estoril, Fernando Pinto avançou ao PÚBLICO que o processo de alienação da participada, que a Autoridade da Concorrência (AdC) obrigou a vender, pelo menos em parte, “está na fase final”. E acrescentou que a TAP “está a tentar que haja uma decisão nas próximas duas semanas”.
Em 2009, o regulador obrigou a companhia de aviação a parquear a maioria da posição que detinha (50,1 por cento) numa empresa independente, a Europartners. Uma solução temporária, enquanto procurava um novo investidor para a área do handling para substituir os espanhóis da Globália (antigos parceiros da TAP). O prazo limite para concretizar o negócio tem vindo a ser adiado e, de acordo com o Diário Económico, o final de Junho será a nova data fixada pela AdC.
Nos últimos meses, a corrida à Groundforce, que encerrou a base de Faro em Fevereiro, intensificou-se. E começaram a surgir potenciais interessados, confirmados posteriormente por Fernando Pinto. O gestor brasileiro disse ontem que foi feito “um filtro maior” aos concorrentes, mas preferiu não avançar nomes. O PÚBLICO sabe que há três empresas que se mantêm nas negociações: dois gigantes do sector (a Swissport e a Menzies) e ainda um fundo de investimento.
A operadora de handling tem apresentado prejuízos sucessivos nos últimos anos, tendo fechado 2010 com perdas de 43,5 milhões de euros. Estes resultados pesam nas contas da TAP e, só por isso, a transportadora aérea poderá ganhar ao desfazer-se, parcial ou totalmente, da empresa. Não é, porém, garantido que consiga o encaixe desejado com a alienação, já que, quando a Globália deixou de ser accionista, a companhia de aviação portuguesa teve de pagar 30 milhões de euros para ficar com a totalidade do capital (inicialmente, através de um consórcio de três bancos).
Questionado pelo PÚBLICO sobre o valor das propostas, Fernando Pinto disse apenas que “está em linha com as previsões”. No entanto, admitiu que “é normal nunca se ficar satisfeito” com os montantes. De qualquer forma, acredita que “ganhar dinheiro [com a venda] é uma questão de tempo”, porque isso pode acontecer “ao longo de dois ou três anos”, deixando uma porta aberta à alienação total e definitiva da Groundforce, cujo presidente vai abandonar o cargo em breve .
Quanto à privatização da própria TAP, o gestor brasileiro continua a optar pelo silêncio, tendo apenas referido que está a aguardar “que o Governo chegue” para “tomar a iniciativa de conversar” com o novo executivo sobre a entrada de um investidor no capital do grupo. Um objectivo que está inscrito no memorando de entendimento assinado com a troika como meta a cumprir ainda este ano, se as condições de mercado assim o permitirem.»
Raquel Almeida Correia, artigo publicado no jornal “Público”
(17 Junho 2011)
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