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Portugal – Aeródromo de Viseu quer atingir o estatuto de “aeroporto”

«A discrição e a localização geográfica fazem do Aeródromo de Viseu um local de destino da aviação executiva. Desde 2015 que a pista faz parte da carreira aérea Bragança/Portimão e no último ano registou um aumento de 11% no número de voos

que ali aterram por lazer ou negócio. A pouco mais de uma centena de quilómetros do Porto e a 20 minutos de avião, este equipamento quer crescer e atingir o estatuto de “aeroporto” de apoio ao Sá Carneiro. Tudo está encaminhado para Viseu ser uma porta de entrada e saída para a Europa.
Para esta infra-estrutura, cuja gestão é da responsabilidade da autarquia viseense, está delineado um “plano arrojado” que envolverá o aumento da pista mas também toda a certificação e qualificação para subir de classe e assim permitir não só a entrada e saída de passageiros fora do espaço Schengen como também carga aérea e correio. O aeródromo é, actualmente, de classe II o que quer dizer que permite operações de transporte de aeronaves com menos de 19 lugares e a realização de voos intracomunitários, desde que previamente autorizados pela autoridade de fronteira, pelo director do aeródromo e pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Segundo os responsáveis pelo equipamento, a estrutura já possui também muitos dos requisitos exigidos pela classe III que é o próximo passo.
O aeródromo de Viseu caminha no mesmo sentido do de Tires (Cascais) que se assume como referência na zona de Lisboa para voos executivos e está a ser alvo de várias obras para poder solicitar a classificação de aeródromo de classe IV. Ou seja, para ter um conjunto de serviços em permanência, como o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para controlo de passaportes.
“Queremos crescer e não inchar”, assume João Paulo Gouveia, vereador na Câmara de Viseu responsável pela gestão do aeródromo.
O autarca lembra que Portugal precisa de muitos aeroportos, pistas e tudo o que facilite a visita ao país e Viseu está “no bom caminho”. Prefere, no entanto, ter “um bom aeródromo do que um aeroporto como outros à espera de ninguém”.

Discrição e taxas mais baixas
“Uma das nossas mais valias é a discrição”, conta Alexandre Soares, director do aeródromo, para justificar a preferência de Viseu na mobilidade aérea.
A maioria dos passageiros tem como destino o Douro ou outros pontos turísticos, mas o que tem vindo a aumentar é o número de aviões e pessoas que aterram por questões de negócios. Chegam essencialmente da Espanha, do Reino Unido e da Alemanha. “É negócio puro”, sustenta.
“São várias as vantagens deste aeródromo. Espaço aéreo livre com informação de voo, taxas inferiores a outros aeroportos e combustível para avião a jacto mais barato e o único entre Lisboa e o Porto”, destaca o director. A isto acrescem “os recursos humanos qualificados e a segurança”. “Conseguimos também ter tudo operacional em 14 minutos”, sublinha, dando como exemplo a noite em que foi necessário evacuar as vítimas de um incêndio que deflagrou num associação cultural em Vila Nova da Rainha, Tondela. Segundo Alexandre Soares, o aeródromo é já hoje também uma base para a protecção civil.
O Aeródromo Gonçalves Lobato, como foi baptizado, já serviu como ponto de chegada e partida de aviões que transportaram Marcelo Rebelo de Sousa ou a Selecção Nacional. Desde que passou a receber voos regulares da carreira aérea, em 2015, e depois de obras de requalificação e modernização, esta estrutura tem vindo a reunir certificados, entre eles a possibilidade de voos nocturnos. Serve também de base para as aeronaves de combate aos fogos florestais e é a casa do aeroclube local.
Em 2017, registou 10.976 movimentos (todo o tipo de voo), um crescimento na ordem dos 20 por cento relativamente ao ano anterior, e 9.924 passageiros embarcados e desembarcados. Voos privados foram 1.550.
Para João Paulo Gouveia, esta infra-estrutura está ao serviço de uma região e é intenção da autarquia viseense avançar com o alargamento da pista que fique também mais favorável aos ventos e voos e a renovação de toda a aerogare.
“Nós temos vindo a fazer um trabalho de requalificação e qualificação de todo este equipamento e temos um conjunto vasto de investimentos previstos. É evidente que queremos evoluir, mas isso não se faz de um dia para o outro. É necessário que hajam várias vontades, nomeadamente do ponto de vista dos fundos comunitários e no que vamos ter no 2030”, sublinha o autarca.»

Sandra Rodrigues, artigo publicado na página de internet “Público
(22 Junho 2018)

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