Descolar do aeroporto de Lisboa com atraso nem sempre é culpa da companhia aérea, nem da companhia de assistência (handler). No Aeroporto de Lisboa, 60% das partidas atrasadas resultam da falta de capacidade do aeroporto,
denuncia a IATA. A organização que representa o transporte aéreo, diz que o congestionamento tem levado a “um atraso médio de 17 minutos por embarque” (dados de 2017) e, por isso, apela a uma modernização e a uma resolução rápida do processo que dará origem à abertura da base do Montijo a voos civis.
“A experiência do passageiro no aeroporto é fundamental para a imagem com que se fica do país”, afirmou Lígia Fonseca, diretora de relações externas da IATA para a Europa na apresentação deste relatório, ontem em Ponte de Sor. Ainda que denuncie a existência de “barreiras substanciais ao crescimento da conectividade aérea”, apontando o dedo especialmente à falta de capacidade do Aeroporto de Lisboa, mas também à falta “de modernização” em determinados procedimentos – e as taxas aeroportuárias que considera “relativamente elevadas” e que fazem “com que Portugal se torne um destino menos atrativo -, a IATA reconhece “o comprometimento do governo português” em querer encontrar uma solução e elogia a decisão de querer encerrar a pista secundária do aeroporto, que levará a “um aumento do rendimento e a uma redução nos atrasos”. Lembra, todavia, que “é importante criar um ambiente em que os negócios possam florescer e sejam criados novos negócios”. Com a procura pelas viagens aéreas a aumentar 50% até 2037 na Europa, “os países que não planearem o futuro não serão capazes de absorver este crescimento”, adiantou a IATA ao Dinheiro Vivo. As recomendações vão no sentido de se melhorar “a capacidade aeroportuária, maximizando a eficiência e lançando a conversão da Base Aérea do Montijo para uso civil, no âmbito de processos transparentes e inclusivos com todas as partes interessadas”. Desta consulta aos vários players do setor, diz, devem resultar não apenas “instalações que respondam apenas às necessidades urgentes de capacidade, mas também que sejam flexíveis para as necessidades futuras e tenham boa relação custo-eficácia para o desenvolvimento e operação”. Quando estiver a operar na sua plena capacidade, e já com a base do Montijo a servir como terceiro terminal do aeroporto, Lisboa deverá passar a ter 78 movimentos por hora; enquanto atualmente se contam apenas 38 movimentos. Obras avançam em outubro As obras que vão permitir ao aeroporto de Lisboa ganhar uma nova vida arrancam em outubro, apurou o Dinheiro Vivo. Neste momento, a gestora aeroportuária aguarda a luz verde do regulador para encerrar definitivamente a pista secundária que possibilitará a transformação deste espaço numa zona de saída rápida de aeronaves, desimpedindo o corredor de aterragem e lançamento de aviões. Habitualmente a pista fecha no verão para dar resposta a estacionamento mas o governo já deu luz verde para que seja eliminada definitivamente. A ANA Aeroportos de Portugal confirma uma colaboração “ativa” com o governo e demais entidades parceiras “no sentido de fazer as intervenções necessárias para melhorar a eficiência operacional do aeroporto, no prazo mais curto possível”. Quanto a datas, a gestora é cautelosa. “O início das obras, para a criação das saídas rápidas de pista, está sujeito ao cumprimento de vários procedimentos, envolvendo contributos de entidades terceiras, mantendo-se a intenção de começar as obras no último trimestre do ano, logo que toda a tramitação legal esteja concluída.” Ainda ontem, o presidente da ANAC, o regulador da aviação, Luís Miguel Ribeiro, adiantou que espera “receber toda a documentação para poder certificar o novo aeroporto o mais depressa possível. É esse o meu papel mas, acima de tudo, aquilo que esperamos é que todo o sistema se movimente de forma articulada para que este projeto seja possível”. Também na Air Summit, Miguel Frasquilho, chairman da TAP, assumiu que “é fundamental” que o processo que fará crescer a Portela avance o quanto antes. Aviação. São precisos 30 mil pilotos por ano O crescimento do turismo tem-se traduzido num aumento das viagens de avião. Para responder à procura, as companhias aéreas por todo o mundo estão a recrutar. E no caso dos pilotos, os números ilustram a dimensão da exigência: 30 mil por ano, num total de 150 mil nos próximos cinco anos, de acordo com dados citados por Mário Spínola, diretor para a Europa da escola de formação de pilotos L3. As transportadoras europeias são algumas das que têm manifestado crescente apetite. Só a TAP estima contratar cerca de 500 pilotos em 2018 e 2019.
Ana Margarida Pinheiro; Ana Laranjeiro, adaptação do texto publicado na página de internet “Dinheiro Vivo“
(1 Junho 2019)
Durante o ano de 2018 passaram pelas infraestruturas da empresa detida pelos franceses da Vinci 55 milhões de passageiros e 418 mil aviões, ...