«Atingido por contratempos técnicos de múltipla natureza, o novo aeroporto Berlin Brandenbourg “Willy Brandt” ultrapassou largamente o orçamento originalmente previsto,
e vai iniciar a sua vida na pior altura possível. Nove anos depois da data em que devia ter aberto, o novo aeroporto de Berlim vai ser inaugurado. E não podia acontecer na pior altura. Com a indústria da aviação a atravessar a sua pior crise de sempre, anos difíceis se anunciam para uma obra que parece estar condenada ao azar desde o início.
Situado a 11 quilómetros do centro da cidade, o aeroporto Willy Brandt – o nome é uma homenagem ao famoso chanceler do pós-guerra que contribuiu decisivamente para a reconciliação da Alemanha e para a sua reintegração no mundo – é um projeto com trinta anos. Apresentado como um modelo de sofisticação tecnológica, foi atingido por contratempos técnicos de múltipla natureza, escreve o jornal “The Guardian”.
Em 2013, por exemplo, constatou-se que toda a iluminação permanecia acesa 24 horas por dia, por ser impossível desligá-la. O diretor técnico do aeroporto explicou então, memoravelmente: “Tem a ver com o facto de ainda não termos progredido o suficiente com o nosso sistema de iluminação para podermos controlá-lo”.
Outros problemas tiveram a ver com as ligações elétricas e com as portas de fogo e os aspersores. No total, a construção ultrapassou em quatro mil milhões de euros o orçamento inicialmente previsto, aos quais se devem acrescentar os 300 milhões que o aeroporto pediu recentemente ao Governo por causa da covid-19, e os demais custos que a redução drástica do tráfego aéreo deverá implicar nos próximos anos.
Criticado ainda pela poluição sonora e por aspetos de design, o aeroporto iniciará oficialmente a sua atividade a 31 de outubro. Neste momento todos os aspetos das operações nos seus 300 mil metros quadrados, desde os mais importante aos quase triviais, estão a ser testados com a colaboração de milhares de voluntários. Talvez as baixas expectativas acabem por ser uma vantagem, dando origem a uma nova surpresa, mas desta vez no sentido oposto.»
“Se há algo que, se calhar tem falhado em todo este processo, foi que algumas vezes invertemos a lógica das coisas”, dando prioridade à política e não à técnica”, afirmou Ricardo Gomes, ...