«O anúncio chegou por comunicação interna aos funcionários no final da semana passada: a Embraer vai passar a chamar-se Boeing Brasil – Commercial. O novo nome resulta da venda de 80% da divisão de aviação comercial da fabricante brasileira de aviões à gigante norte-americana autorizada recentemente por Jair Bolsonaro.
O acordo, avaliado em cerca de 4,2 mil milhões de dólares, surgiu como uma joint-venture que é liderada por uma equipa de administradores sediada no Brasil e cujo controlo operacional e de gestão fica na mão da Boeing. A parceria nasceu como um protocolo para aumentar a eficiência das duas empresas através da criação de “sinergias anuais de cerca de 150 milhões de dólares”, mas o novo nome está a despertar muitas dúvidas no Brasil.
Numa altura em que a Boeing vive um dos momentos mais difíceis de sempre, a imprensa brasileira questiona a parceria, que exclui o nome da fabricante brasileira, e diz que o negócio assemelha-se mais com uma aquisição. “Eles foram honestos. Para a Boeing, agora, a Embraer é a sua unidade no Brasil. Poderia ser a Boeing Carolina do Norte, Boeing St, Louis… Essa é a Boeing Brasil “, disse Marcos José Barbieri Ferreira, coordenador do Laboratório de Estudos das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa da Unicamp, ao Brasil Econômico.
O responsável sublinha ainda que o modelo de joint-venture, que na prática é uma parceria, serviu de “argumento para justificar a venda da principal área da Embraer”. E assume que, agora, “a Embraer deve se tornar muito mais parecida com uma fábrica, uma montadora de automóvel. É só refletir um pouco o que ocorreu com a operação: mostra claramente que isso nunca foi uma joint-venture.” O acordo final da joint-venture – até aqui chamada de NewCo – só deverá ficar fechado no final do ano, no entanto, é expectável que as mudanças não fiquem por aqui. O mercado antecipa novo registo comercial para os aviões – a família E-Jet – para uma nomenclatura mais próxima dos produtos da Boeing, como aconteceu, por exemplo com o recente acordo da Airbus com a Bombardier da qual resultou uma alteração dos nomes da família CSeries para A220. Contactada pela imprensa brasileira, a comunicação da Boeing disse que não é expectável que a linha E-Jet venha a mudar de nome. A Embraer já produziu mais de 1500 aeronaves deste modelo, que já está na segunda geração. O o novo nome da marca não afecta a divisão de negócios, que continua a ser integralmente controlada pela Embraer, uma vez que não faz parte deste acordo com a empresa norte-americana. Em julho do ano passado, altura em que o acordo começou a ser dado a conhecer, Paulo César de Souza e Silva, presidente da Embraer, indicou que a unidade da Embraer em Évora deveria passar para o controlo da nova empresa. “Ficarão com a joint-venture da aviação comercial as unidades Faria Lima, EDE, Taubaté, Évora e Nashville”, referiu.»
Ana Margarida Pinheiro, artigo publicado na página de internet “Dinheiro Vivo“
(27 Maio 2019)
A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o Acordo Global da Operação (MTA) e fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e ...