O Governo do Reino Unido já solicitou o aluguer de mais de 30 aviões para levar a cabo o que será a maior operação de repatriamento em tempo de paz,
tendo destacado representantes também para os aeroportos portugueses. Ao PÚBLICO, Manuela Romano de Castro, da embaixada britânica em Lisboa, afirmou que o objectivo é que “não haja atrasos no voo de substituição que vão além de poucas horas”, afastando a possibilidade de ser necessário o alojamento de passageiros afectados em hotéis.
Sem dispor de um número exacto dos passageiros atingidos pela falência da Monarch Airlines em Portugal, Manuela Romano de Castro explicou ao PÚBLICO que a embaixada britânica em Lisboa vai coordenar a realização de voos de substituição para um total de 112 ligações que estavam marcadas até 15 de Outubro e que foram entretanto canceladas. É durante este período de duas semanas que se verificam situações de passageiros da Monarch Airlines que estão em Portugal e que ficaram sem o voo de regresso originalmente planeado. Os atingidos são, na sua esmagadora maioria, cidadãos britânicos.
Fonte oficial da ANA, que gere os aeroportos nacionais, afirma que a empresa está em contacto com o regulador britânico e outras partes envolvida no processo, e que está “comprometida na implementação das alterações necessárias para executar o plano e encaminhar os passageiros afetados em todos os aeroportos da rede ANA.”
Por parte da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), o regulador está particularmente atento aos passageiros “que se encontrem fora de Portugal e pretendam regressar”. Numa nota, a ANAC solicita o envio da informação relativa ao voo de regresso para o email passageirosmonarch@anac.pt, explicando que deve ser disponibilizada cópia do título de transporte, nome do passageiro, aeroporto de origem e data do voo de regresso. “A ANAC continuará a acompanhar a situação em articulação com a autoridade do Reino Unido e a Comissão Europeia, no sentido de trazer os passageiros que pretendam regressar ao território nacional, pelo que dará conta dos desenvolvimentos da situação no seu site”, diz o regulador.
De acordo com os dados mais recentes da ANAC, no segundo trimestre deste ano a Monarch era a quarta maior transportadora aérea no aeroporto de Faro, em termos de quota de mercado de movimentos e de passageiros (atrás da Ryanair, Easyjet e Jet2.com). Outro aeroporto onde tem expressão é o do Funchal, com os dados da ANAC a mostrarem uma quota de mercado de 4% em número de passageiros, o que corresponde à oitava posição (em termos de movimentos já desce para o décimo posto, com 3%).
Numa mensagem enviada aos trabalhadores, o presidente executivo da Monarch Airlines, Andrew Swaffield, pede desculpa pelo desfecho da crise na companhia. “Lamento muito que milhares de pessoas enfrentem agora o cancelamento das suas férias ou viagens, possíveis atrasos no regresso a casa e enormes incómodos devido ao nosso fracasso”, lê-se. “Lamento verdadeiramente que isto tenha terminado assim”, afirmou o responsável.
O secretário de Estado britânico dos Transportes, Chris Grayling, explica que a Monarch Airlines cai vítima de uma “guerra de preços” nos voos para o Mediterrâneo.
A Reuters refere que o colapso da companhia aérea tem efeitos para várias empresas. A Boeing tinha recebido uma encomenda de 32 aeronaves do modelo 737 que ainda não foi finalizada. A frota à data da falência era maioritariamente constituída por aviões Airbus em regime de leasing, esperando-se problemas também para as empresas financeiras que colaboravam com a operadora britânica.
“Muitos fornecedores vão sofrer enormemente com a nossa falência, facto que lamento igualmente”, declarou o CEO da Monarch Airlines.
Pedro Guerreiro e Luís Villalobos, adaptação do texto publicado na página de internet “Público“
(2 Outubro 2017)
Os passageiros com títulos de transporte da companhia aérea Monarch Airlines, que têm os seguintes direitos ...