«A ANA, gerida pelo grupo francês Vinci Airports, pretende encerrar a pista secundária do aeroporto da Portela (pista 17-35) para aumentar a capacidade de resposta do aeroporto de Lisboa. Segundo o Diário Económico apurou junto de diversas fontes ligadas ao processo, esta opção foi já analisada entre a ANA e as outras partes interessadas, como a NAV – Navegação Aérea de Portugal (que gere os controladores aéreos), APPLA – Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea e TAP, entre outras entidades, tendo a maioria delas concordado com a solução e avançado com a emissão de um relatório de segurança operacional com base nesse cenário.
Entre todas as partes envolvidas nesta avaliação, apenas a APPLA foi a única a expressar algumas reservas sobre o encerramento da pista secundária da Portela. Mesmo assim, todas as partes ouvidas pela ANA terão declarado que não havia impedimento de segurança para este processo, desde que uma pista alternativa de emergência pudesse ser aberta ao tráfego comercial na área do aeroporto, para utilização em casos de situação de ventos cruzados fortes.
Contactada pelo Diário Económico, fonte oficial da ANA escusou-se a comentar o assunto em específico, adiantando apenas “que foram estudados diversos cenários, mas nenhuma solução foi ainda tomada”.
No entanto, o Diário Económico sabe que os responsáveis da ANA/Vinci argumentam a favor do encerramento da pista secundária com diversos factores. Em primeiro lugar, o facto de a pista 17/35 já ter sido encerrada no passado por questões técnicas durante cerca de dois anos, sem que tivessem sido reportados quaisquer problemas de segurança. Em segundo lugar, porque, no ano passado, a pista 17/35 foi usada somente para 0,89% dos movimentos de aviões na Portela, sendo que cerca de 90% destes 0,89% respeitaram a operações da TAP.
De acordo com o que o Diário Económico apurou, os responsáveis da ANA e da Vinci defendem também que, no Mundo, existem aeroportos de muito alta densidade de tráfego, de pista única, sujeitos a operações de vento cruzado. E sublinham que o encerramento da pista 17/35 permitiria, de forma adicional, implementar as primeiras melhorias de capacidade no aeroporto da Portela, através da extensão do ‘pier’ (zona de embarque) Sul.
Em particular, o encerramento da pista secundária do aeroporto de Lisboa permitiria aumentar a disponibilidade de espaço para estacionamento de aviões, um dos maiores estrangulamentos que actualmente existem ao aumento de capacidade da Portela. Porque, segundo a opinião dos responsáveis da Vinci e da ANA, baseados nas melhores práticas do sector a nível internacional, não faria sentido resolver o problema de capacidade da pista sem a alinhar com a capacidade de estacionamento, porque o resultado seguinte seria a falta de estacionamentos, o que poderia induzir restrições de voos a montante.
O Diário Económico sabe também que avaliações preliminares do plano director para a expansão da capacidade aeroportuária em Lisboa apontam para os benefícios que um ‘satélite’ (edifício para receber passageiros em trânsito de voos) no meio da plataforma poderia produzir para as actividades do ‘hub’ (placa giratória) da TAP. Esta facilidade criaria um substancial número de posições adicionais de contacto para um ‘mix’ de aeronaves ‘wide’ e ‘narrow-body’ (respectivamente, aviões de grandes e pequenas dimensões). Além disso, a ANA espera que a solução da utilização do Montijo lhe aumente a capacidade de voos e que a utilização do aeroporto de Beja lhe eleve a capacidade de estacionamentos remotos de aviões.»
Nuno Miguel Silva, artigo publicado na página de internet “Económico“
(25 Novembro 2015)
A pista secundária,17/35, do aeroporto de Lisboa estava fechada desde fevereiro para estacionar aeronave. O aeroporto de Lisboa tem duas pistas operacionais a 03/21 com 3.800 metros e a 17/35 com 2.400 ...