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Aviação Executiva – Aeródromo de Viseu é uma porta de entrada VIP em Portugal

Em 2016 o principal tráfego aéreo de Viseu foi dos 160 aviões estrangeiros que utilizaram o aeródromo — mais que os 134 aviões portugueses que no ano passado ali aterraram.

No primeiro semestre de 2017 o número de aeronaves internacionais baixou devido a restrições temporárias que impediram as aterragens locais a aviões estrangeiros, mas mesmo assim ascendeu a 43 (os dados do primeiro semestre são os últimos números oficiais disponíveis). No segundo semestre de 2017 já não houve este impedimento e o número de aeronaves estrangeiras voltou a subir na altura do verão, segundo informações do aeródromo.
As três principais razões que levam os estrangeiros a entrar em Portugal por Viseu são a comodidade da infraestrutura e o quase anonimato da chegada — sem as filas de espera dos aeroportos de Lisboa, Porto ou Faro —, a facilidade no estacionamento dos pequenos aviões e “um preço muito competitivo do combustível para reabastecimento”, explicou ao Expresso o diretor do aeródromo, Paulo Soares.
Agora, as solicitações de companhias aéreas estrangeiras que pretendem aterrar em Viseu aviões charter com capacidade para transportar entre 100 e 200 passageiros já levou a autarquia local, proprietária do aeródromo, a equacionar o plano de expansão, atendendo a que a pista atual tem apenas 1160 metros de comprimento. “A futura pista já está marcada no terreno e terá um comprimento máximo de 2700 metros, que permitirá a aterragem de aviões até à classe do Boeing 757”, refere Paulo Soares.
Na semana passada a TAP estreou a aterragem nesta pista. As 47 pessoas que integraram a equipa da Seleção Nacional que defrontou a Arábia Saudita no estádio do Fontelo, em Viseu, a 10 de novembro, regressaram a Lisboa num avião ATR da TAP que descolou deste aeródromo. Esta semana, a 15 de novembro, outro ATR da TAP aterrou ali. São dois exemplos que traduzem o recente aumento da atividade deste pequeno aeródromo, cujo tráfego tem sido “intenso em 2017”, diz Paulo Soares. “De janeiro até 14 de novembro, o número de passageiros desembarcados em Viseu cresceu 54% e o número de embarcados aumentou 51%, comparados com igual período de 2016”, adianta.
Mais: até ao fim do ano Paulo Soares prevê que esta infraestrutura aeroportuária totalize 12 mil movimentos de aviões (correspondentes à soma das aterragens e descolagens realizadas), contra 9119 movimentos registados em 2016. Comparando com a atividade do aeroporto de Beja, que em 2016 registou um total de 34 movimentos de aeronaves — segundo dados da ANA — Aeroportos de Portugal —, Viseu terá este ano 352 vezes mais movimentos de aviões que os efetuados no aeroporto alentejano durante o ano passado.
No entanto o sucesso de Viseu é recente. O seu pequeno aeródromo esteve para encerrar em 2014, e só depois da autarquia local ter investido na sua reabilitação é que a procura disparou. Ao longo de 2017 consolidou o transporte regular, o transporte não regular, o movimento dos aviões de instrução, os aviões privados, as aeronaves de emergência, os aviões militares e os meios de combate a incêndios (quatro dias depois de tomar posse, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, visitou o aeródromo de Viseu).
Parte do êxito dos voos regulares que ligam Viseu explica-se pela rapidez das ligações aéreas ao norte e ao sul, mas sobretudo pelo preço dos bilhetes (inferior ao custo do combustível, mais portagens de uma viagem alternativa em automóvel). O Expresso fez o voo regular de Tires (Cascais) a Viseu — menos de 50 minutos de viagem —, num avião bimotor de 19 lugares da SevenAir, ex-AeroVip. Neste voo, à exceção de um casal de turistas estrangeiros, os restantes passageiros eram utilizadores frequentes desta ligação.
Partindo de Tires, ao fim de pouco tempo de viagem sobrevoa-se o serpenteado do rio Mondego até à barragem da Aguieira. Aí, o pequeno bimotor aponta o nariz ao Vimieiro, segue o vale do Dão, e chega rapidamente a Viseu. Cruza a cidade num ápice e dá de frente com um planalto, entrando no alinhamento da pista do aeródromo municipal, onde aterra quase sem se notar que desceu até ao solo. O bimotor da SevenAir realiza esta aproximação, no sentido Sul-Norte duas vezes por dia, mais outras duas no sentido Norte-Sul.
Em 2016, este avião bimotor foi apenas responsável por uma parte residual dos 9119 movimentos de aeronaves que utilizaram este aeródromo de Viseu. No primeiro semestre de 2017 os movimentos cresceram 48%, aumentando para 4914, contra os 3326 movimentos registados no primeiro semestre de 2016.
Mas a componente internacional do tráfego do aeródromo de Viseu é “muito importante”, diz Paulo Soares. Em 2016 a nacionalidade dominante no universo dos aviões estrangeiros foi Espanha, com 56 aviões, seguindo-se a Alemanha, com 33, o Reino Unido, com 26, França, com 15, Itália, com oito, e os EUA e a Polónia, ambos com cinco aviões.

João Palma -Ferreira, adaptação do texto publicado na página de internet “Expresso”
(19 Novembro 2017)

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