«A IATA (International Air Transport Association), em estudo com a consultora McKinsey sobre os efeitos da entrada do setor privado em quase 90 aeroportos no mundo constatou que as privatizações de aeroportos, seja por venda dos ativos ou modelos de concessão, encareceram os serviços aos consumidores e não trouxeram ganhos de eficiência substanciais.
De acordo com o economista-chefe da IATA, Brian Pearce, os resultados da pesquisa surpreendem, pois, geralmente, o envolvimento da iniciativa privada costuma se reverter em melhores operações e em benefícios aos consumidores. “A maior diferença em relação ao que vimos acontecer com outras indústrias, como a do aço, é a competição. Em infraestrutura aeroportuária, as pressões competitivas são, por natureza, muito menores”, destacou durante a 74ª reunião geral da associação de companhias aéreas, em Sydney, Austrália.
Neste ambiente que tende ao monopólio, há maior risco de “abuso do poder de mercado” por parte dos operadores privados, já que o foco está no retorno ao investidor, em detrimento do consumidor e de benefícios económicos de longo prazo, diz Pearce.
O estudo da IATA mostra que, embora os custos unitários de operação tenham caído para os aeroportos privatizados, o passageiro passou a pagar mais caro pelo serviço, o que levou a um aumento expressivo dos lucros. “Claramente, a privatização dos aeroportos vem com um preço, que os consumidores têm de pagar”, afirma a entidade.
O economista-chefe da IATA fez ainda críticas ao pensamento de curto prazo dos governos na hora de privatizar aeroportos – o que, na visão da associação, se soma ao conjunto de fatores que levaram aos resultados decepcionantes pelo mundo. “Vemos governos pensando nos ganhos de curto prazo, tentando levantar o máximo de recursos com a venda de ativos, em vez de focar no interesse de longo prazo”, afirmou.»
texto publicado
(2 Julho 2018)
Noticia ABESATA/Estadão
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