Mais de 100 empregados do Aeroporto Internacional de Los Angeles cansados das intermináveis viagens de ida e volta para o aeroporto ou confrontados com os elevado preços dos alugueres na Califórnia, decidiram morar no estacionamento do aeroporto. E as autoridades aeroportuárias permitiram.
Casas sobre rodas
Quem entra nesta área do aeroporto depara-se com um acampamento repleto de roulottes e travel homes – tipo de comunidade comum em bairros menos favorecidos de cidades americanas ou áreas turísticas.
Este lugar chama a atenção, no entanto, pela particularidade de seus moradores: todos trabalham na indústria de aviação. Há pilotos, copilotos, comissários de bordo, mecânicos, funcionários de empresas de handling e do próprio aeroporto.
O barulho dos aviões que sobrevoam a poucos metros as casas sobre rodas também é um diferencial. Mas os moradores da comunidade parecem estar acostumados.
“Este é o preço de ser um piloto hoje”, disse Todd, um profissional de 45 anos que é piloto comandante da companhia Alaska Airlines.
Ganha cerca de US$ 70 mil por ano e vive numa roulotte de 1973, a mulher e o filho de 7 anos moram em Fresno, cidade localizada a cerca de quatro horas de carro de Los Angeles.
“Queria ser piloto. Pode ser horrível, mas eu tenho que sustentar a minha família – adoro pilotar”, explica.
A paisagem pode ser um pouco deprimente: um conjunto de roulottes e travel homes brancos e beijes a poucos metros da pista de aterragem e descolagem, não são um exemplo de beleza urbana.
As janelas precisam ser cobertas com papel opaco para que os moradores consigam dormir durante o dia, praticam exercícios num ginásio e usam o chuveiro para economizar água.
“A indústria da aviação tem uma alta taxa de divórcio. Estamos sempre viajando, sempre fora de casa”.
Mais de 10 anos de existência
As autoridades aeroportuárias decidiram formalizar o acampamento, que surgiu por iniciativa de alguns trabalhadores, atingidos pela crise económica de 2008 e pelo declínio da aviação comercial.
Neste contexto, começaram a surgir grupos de roulottes espalhados pelos diversos estacionamentos do aeroporto, até que as autoridades resolveram reunir todos as roulottes e travel home no estacionamento B.
Os moradores orgulham-se da organização: aspirantes a vizinhos têm que se aplicar para uma vaga, apresentar antecedentes e seguir um rigoroso código de conduta em termos de higiene e barulho, e a exigência principal: trabalhar numa companhia aérea ou no aeroporto.
O futuro da comunidade ainda é incerto.
A empresa que administra o aeroporto, a Los Angeles World Airports, não parece concordar com a existência dessa estrutura e pensa despejá-los.
Os moradores, que pagam menos de US$ 100 por mês para ocupar o espaço, não se preocupam porque sabem que se trata de um estilo de vida temporário e estão dispostos a aproveitá-lo enquanto durar.
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