«Ao contrário dos lucros de 21,2 milhões de euros apresentados pela TAP em 2017, as atuais perspetivas sobre os resultados de 2018 são uma tragédia para a transportadora aérea,
mas mesmo assim podem vir a ser menos brutais que o intervalo que de se falava em fevereiro para o valor do prejuízo – entre 150 e 180 milhões de euros. Porém, uma coisa é certa: não deixam de ser um dos piores testes para o primeiro ano de exercício do presidente executivo, Antonoaldo Neves.
Há cerca de um mês, o jornalista Nicolau Santos, presidente da Agência Lusa, comentou na rubrica “Contas do Dia” da Antena1 – ao jornalista José Carlos Trindade – que o problema da TAP era grave e que os prejuízos de 2018 seriam muito superiores a 100 milhões de euros. A informação preliminar que corria na altura – ainda muito longe do fecho de contas – apontava, entre outras parcelas, para cerca de 30 milhões de euros de indemnizações pagas a passageiros por problemas com os voos, mais cerca de 80 milhões de euros em acréscimos na fatura do combustível e cerca de 10 milhões de euros em aplicações financeiras.
Do lado operacional, havia constrangimentos nas opções dos aviões colocados a fazer a ponte aérea Lisboa-Porto, que não eram os mais competitivos para os passageiros, e havia ecos de dificuldades no relacionamento entre a administração e os acionistas, evidenciando um fluxo de informação insatisfatório sobre decisões imediatas e relevantes para a vida da companhia.
O presidente executivo, Antonoaldo Neves, falhou o teste do seu primeiro ano de atividade, depois de ter feito uma entrada em força, bastante dura para a anterior gestão de Fernando Pinto – admitindo que com novos acionistas, com possibilidade de injetar dinheiro na TAP, o desempenho da transportadora seria mais pujante do que foi durante os anos da gestão de Fernando Pinto, que fechou o exercício de 2017 com um lucro de 21,2 milhões de euros.
O empresário e acionista David Neeleman adota uma posição confiante, tendo comprado por 49 milhões de euros a participação indireta dos chinesas da HNA, que saem da TAP na sequência de problemas complexos no desenvolvimento das operações internacionais do seu grupo, que continua a desinvestir, alienando participações em várias geografias.
Quanto ao acionista português, Humberto Pedrosa, também mantém expectativas confiantes, tendo o seu filho David Pedrosa como administrador executivo – numa comissão executiva que integra Antonoaldo Neves e Raffael Guaritá Quintas.
Miguel Frasquilho, como chaiman, já veio dizer publicamente que o ano de 2018 não correu bem. Do elenco da administração figuram também Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo que se tornou uma referência do sector do transporte aéreo porque foi um dos grandes impulsionadores da entrada em Portugal da Ryanair e Esmeralda Dourado, que transitou para a TAP, deixando para trás a tragédia do afundamento do Grupo SIVA.
Finalmente, ainda há o caso do administrador da TAP António Gomes de Menezes, que foi presidente executivo da transportadora aérea suíça PrivatAir, que alugava aviões com configurações para a Classe Executiva e abriu falência junto dos tribunais suíços, apesar de ter tido grandes clientes como as companhias Lufthansa, SAS e British Airways.»
João Palma Ferreira, texto publicado na página de internet “Jornal Económico“
(17 Março 2019)
«Presidente da TAP decidiu fechar a operação da Manutenção em Campo Alegre, no Brasil. Fê-lo depois de despedir mil pessoas. Ao longo dos vários anos, a empresa afundou mais de 500 milhões de euros ...