«Este verão de 2018 está a ser fértil em boas notícias para o Aeroporto da ilha do Pico, quer pelo incremento de voos acompanhado pela manutenção (ou mesmo crescimento) das altas taxas de ocupação, quer pela melhoria das condições de operacionalidade na pista.
Depois de terminada a empreitada de grooving (ranhuramento da pista numa orientação perpendicular ao eixo da pista, melhorando as condições de aderência e de escoamento das águas superficiais da pista) na última semana de julho, segue-se agora a tão esperada certificação do sistema ILS (Instrument Landing System) do aeroporto do Pico, quase 14 anos após o anúncio de Carlos César em visita à ilha do Pico, a 4 de outubro de 2004, como Presidente do Governo dos Açores.
O ILS é um sistema automático que possibilita a aterragem assistida por computador a aeronaves, sob condições de adversidade extrema, como neblinas, nevoeiros e chuva intensa. Uma vez ativado, o ILS cria uma espécie de corredor eletrónico que controla o avião e o transporta para a pista, mesmo que, no interior do aparelho, a tripulação não a consiga avistar. Nos Açores, o sistema ILS encontra-se operacional (para além do aeroporto do Pico) nos aeroportos das ilhas de Santa Maria, de São Miguel e Terceira.
No aeroporto do Pico, o sistema ILS implementado é um CAT I, com mínimos de 415 pés, o que na prática viabiliza aterragens com céu nublado até 415 pés (cerca de 126 metros). Tendo em conta o histórico de divergências de voos no aeroporto do Pico devido a tetos baixos (tal como recentemente ocorreu no dia 23 de julho de 2018), prevê-se uma melhoria significativa da operacionalidade em condições equiparadas (leia-se aterragens em vez de divergências para outros aeroportos).
A certificação está concluída com a publicação da mais recente emenda ao AIP (publicação aeronáutica nacional de referência que contém informação relativa à organização, operação e localização de aeródromos, rádio ajudas e facilidades, bem como qualquer informação pertinente à segurança dos voos no espaço aéreo português – www.nav.pt), mais concretamente a emenda AMDT: AIRAC 003-18, de 2 de agosto de 2018, da NAV Portugal. Esta emenda entra em vigor a 13 de setembro de 2018, o que significa que, na prática, o sistema de ILS do Aeroporto da ilha do Pico pode ser utilizado pelos pilotos a partir dessa data.
Atendendo ao historial do ILS no aeroporto do Pico, tratou-se de um processo moroso que teve várias etapas. Após o anúncio de Carlos César em 2004, o Conselho de Governo mandatou a SATA, entidade gestora dos aeródromos regionais, para proceder à instalação do sistema de ILS no aeroporto do Pico a 25 de maio de 2005. No ano seguinte, a 15 de setembro de 2006, foi emitido um novo comunicado do Conselho do Governo com orientações para a SATA Gestão de Aeródromos (SGA) lançar os concursos para a aquisição do equipamento de ILS e movimentação de terras para instalação do mesmo. Contudo, apenas a 23 de julho de 2008 foi adjudicada a instalação do sistema ILS no aeroporto do Pico. A 25 de junho de 2009 foi adjudicada uma segunda movimentação de terras para a instalação do sistema ILS. Desde então, foram poucas as notícias sobre este assunto, com o Governo dos Açores a estimar o término da certificação do sistema ILS para o final do primeiro trimestre de 2016 (a 14 de outubro de 2015). A 18 de março de 2016, o semanário ‘Ilha Maior’ noticiava que o ILS do aeroporto do Pico seria certificado no mês de abril, não tendo a NAV apresentado exigências adicionais. A 14 de novembro de 2017 realizou-se o flight check final para a certificação do ILS. Finalmente, a 6 de abril de 2018, a Secretária Regional dos Transportes e Obras Públicas, Ana Cunha, em declarações ao semanário ‘Ilha Maior’, indicou a expetativa de que o ILS do aeroporto do Pico estivesse operacional em 3 meses (final de julho), o que efetivamente veio a acontecer, estando agora este sistema devidamente certificado pela ANAC (Autoridade Nacional da Aviação Civil).
Em setembro de 2016, os promotores da petição pública “Pelo aumento das condições de operacionalidade do Aeroporto da ilha do Pico” identificaram que esta infraestrutura aeroportuária (a maior que é totalmente detida pela Região) beneficiaria, e muito, se a sua pista fosse aumentada (objetivo atualmente pendente) e se nela fosse implementado o grooving (concluído recentemente). O ILS não fazia parte das reivindicações, uma vez que o projeto de instalação do mesmo estava em curso. Mas tanto o grooving como o ILS dão mais garantias de operacionalidade do aeroporto do Pico e da sua pista face a condições meteorológicas adversas. O aumento dos movimentos aeroportuários no Pico a par do crescimento de passageiros movimentados só vêm dar razão ao investimento contínuo e reprodutor nesta gateway cada vez mais importante para o Pico, para o “Triângulo” e para os Açores.»
Bruno Rodrigues, Ivo Sousa, Luís Ferreira, artigo publicado na página de internet “Cais do Pico“
A TAP vai iniciar em Junho a operação de voos diretos entre Lisboa e a ilha do Pico, nos Açores, com uma frequência semanal, que passa a duas no período compreendido entre 17 de Julho e 4 de Setembro. ...