«As companhias de aviação devem instalar nos seus aviões os sistemas que permitem fazer o rastreio permanente das aeronaves durante todo o voo durante os próximos 12 meses, recomendou em meados de dezembro o relatório final de um grupo de trabalho da Associação Internacional dos Transportes Aéreos (IATA), criado após o desaparecimento o voo MH370. Mas a própria IATA considerou que este prazo seria impossível de cumprir.
“As companhias de aviação estão a levar este assunto muito a sério. Algumas já ultrapassam os critérios sugeridos pelo grupo de trabalho. Mas outras precisariam de muito mais do que 12 meses para tratar de cada um dos seus aviões”, afirmou Tony Tyler, presidente da IATA, que representa 250 companhias de aviação.
“Todos concordam que é preciso melhorar o rastreio; mas é preciso reconhecer que as companhias têm diferentes capacidades”, disse o também presidente da Emirates à Reuters.
Se se perguntasse a qualquer pessoa, antes do desaparecimento do voo MH370, se um avião está sempre em comunicação com terra quando está no ar, a resposta mais comum seria “sim”. Mas o sumiço do voo da Malaysia Airlines veio revelar que isso está muito longe da verdade. Sobretudo quando a aeronave está a sobrevoar os oceanos, passa grandes períodos sem ter contacto com nenhum radar em terra, ou sem ser seguida por um satélite.
Está disponível tecnologia que permite saber a localização de cada avião – mas é cara, e é caro instalá-la em todos os aviões. É isso que está a impedir que se torne o padrão da indústria.
No grupo de trabalho da IATA estavam representadas não só as companhias aéreas, mas também pilotos, controladores de tráfego aéreo e empresas construtora de aviões. Daí as conclusões divergentes dos interesses da indústria da aviação comercial. As aeronaves devem poder transmitir informações precisas sobre a sua localização a cada 15 minutos – como a longitude, latitude, altitude e hora local para permitir um rastreio a quatro dimensões – ou ainda com maior frequência, se houver um alerta.
Estas propostas foram apresentadas à Organização Internacional da Aviação Civil – um organismo das Nações Unidas que está a analisar a tecnologia disponível, tanto a nível do interior dos aviões, como de controlo de tráfego aéreo e de busca e salvamento para criar o que é já designado Sistema Global de Segurança e Emergência Aeronáutica (Generalized Anxiety Disorder Severity Scale – GADSS).
Empresas como a Inmarsat já propuseram tecnologias que permitem seguir os aviões a todo o momento, baseadas no GPS. Mas as transportadoras continuam a hesitar por causa dos custos das alterações que seria necessário introduzir nas aeronaves.»
Clara Barata, artigo publicado no jornal “Público“
(21 Dezembro 2014)
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