«Os accionistas da brasileira Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) aprovaram hoje a entrada num novo sector estratégico de actividade: a gestão de aeroportos. A decisão, tomada numa assembleia geral extraordinária, em Brasília, abre a porta à entrada da CCR na corrida à privatização da ANA – Aeroportos de Portugal, que o Governo se comprometeu com a ‘troika’ a realizar este ano.
Conforme o Diário Económico avançou no passado dia 3 de Janeiro, a CCR aprovou hoje a transferência de concessões de gestão de aeroportos detidas por alguns dos seus principais accionistas: os grupos brasileiros Andrade Gutièrrez (accionista da construtora portuguesa Zagope) e Camargo Corrêa (accionista da cimenteira nacional Cimpor). Os activos em causa dizem respeito às concessões dos aeroportos de Quito (Equador), San José (Costa Rica) e Curaçao (Antilhas), estando ainda agendada para posterior avaliação a entrada na gestão do novo aeroporto de São Paulo.
Os accionistas Andrade Gutièrrez e Camargo Corrêa não votaram nesta assembleia geral extraordinária, respeitando os princípios de transparência impostos pelo Novo Mercado da Bolsa de São Paulo (Bovespa), onde a concessionária está cotada.
O segundo ponto da agenda de trabalhos, também aprovado, dá carta branca à administração da CCR para entrar na gestão de outras infraestruturas aeroportuárias fora do Brasil. É neste plano que entra a privatização da ANA.
“O segmento aeroportuário se caracteriza por sua abrangência global, com empresas privadas gerindo alguns dos aeroportos presentes nas principais cidades do mundo. Para a CCR, entrar nesse sector significa uma oportunidade de diversificação, bem como viabiliza a sua internacionalização, a partir de projectos consolidados, com receitas totais estimadas em mais de 180 milhões de dólares. Com a aquisição desses ativos, a CCR entende que se posicionará estrategicamente no setor aeroportuário, alcançando, de imediato, um diferencial nesse mercado”, afirma Renato Vale, presidente do Grupo CCR, em comunicado distribuído pela concessionária brasileira.
A aquisição pela CCR dos activos pertencentes à Camargo Corrêa e à Andrade Gutierrez é o resultado da decisão dos dois accionistas controladores em centralizar na CCR as suas participações neste sector. “Dessa forma, eles continuarão participando activamente do negócio, por meio de uma empresa que consolide a gestão desses activos com maior sinergia, solidez e capacidade de ampliar seu valor”, explica Renato Vale no referido comunicado.
Além da aquisição dos três aeroportos internacionais, a decisão de hoje abre espaço para que a CCR estude a sua participação nas concessões promovidas pelo governo federal brasileiro para a concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que devem ser realizadas no dia 6 de fevereiro.
“Vamos nos preparar para participar da disputa pelos activos que julgarmos interessantes, sempre respeitando a nossa política de disciplina de capital, cujo objectivo é criar valor para os nossos acionistas, a sociedade em geral e as regiões onde actuamos, por meio de um crescimento qualificado”, avalia o presidente da CCR.
Além do Brasil e da restante América Latina, a decisão dos accionistas da CCR hoje tomada, abre as portas da empresas a activos no continente europeu, em particular, com a privatização da ANA. O presidente da Andrade Gutièrrez, Otávio Azevedo, já tinha revelado, em entrevista ao Diário Económico, a 30 de Novembro último, que o grupo que lidera estava interessado em participar nos processos de privatização de “águas, correios, TAP, EDP, aeroportos, tudo”.
“Nós fazemos tudo isso de forma bem feita”, assegurou Otávio Azevedo, igualmente presidente do conselho de administração da Oi, que tem participações cruzadas com a PT.
Também em relação à Camargo Corrêa, vários especialistas do sector dão como certo o seu interesse na venda da ANA, apesar de a empresa recusar comentar este assunto.
A entrada da CCR no sector aeroportuário foi aprovada após um estudo elaborado por diversos consultores e especialistas, incluindo o UBS. O banco suíço deu uma opinião unânime à compra pela CCR de todos os activos em análise, avaliados na altura (Dezembro de 2011) em cerca de 165 milhões de euros (214,5 milhões de dólares).
A Andrade Gutièrrez e a Camargo Corrêa detêm, cada uma, 17% da CCR, estando 17,22% na posse de outro grupo brasileiro, a Soares Penido Concessões. Os restantes 48,78% do capital estão dispersos no Novo Mercado do Bovespa.
A CCR é uma das maiores concessionárias de auto-estradas da América Latina, além de gerir uma linha de metro de São Paulo, entre outros negócios. A Brisa, de Vasco de Mello foi, até ao final de 2010, uma das principais accionistas da CCR, durante cerca de 10 anos, com cerca de 18%. A Brisa liderava o consórcio Astérion para concorrer à construção e gestão do novo aeroporto internacional de Lisboa e à privatização da ANA, mas desde que o actual Governo suspendeu o projecto do novo aeroporto, o agrupamento deverá estar em fase de extinção. No entanto, a empresa de Vasco de Mello continua a considerar a ANA uma oportunidade estratégica de crescimento.»
Nuno Miguel Silva , artigo publicado na página de internet “Económico“
(16 Janeiro 2012)
Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR)
Viabilizar soluções de investimentos e serviços em infraestrutura para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões onde atua. Essa é a principal contribuição para o desenvolvimento econômico e social do Brasil do Grupo CCR, um dos maiores grupos privados de infraestrutura da América Latina, com atuação nos setores de concessão de rodovias, transporte de passageiros e inspeção veicular ambiental.
O Grupo CCR é responsável atualmente por 2.437 quilômetros de rodovias da malha concedida nacional, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, sob a gestão das concessionárias CCR Ponte, CCR NovaDutra, CCR ViaLagos, CCR RodoNorte, CCR AutoBAn, CCR ViaOeste, CCR RodoAnel, SPVias e Renovias, da qual tem participação de 40%. Tem ainda 38,25% do capital social da STP, que opera os meios eletrônicos de pagamento Sem Parar e Via Fácil.
Além da atuação no setor de concessão de rodovias, faz parte da estratégia de crescimento da companhia a diversificação de seu portfólio. Por isso, em novembro de 2006, a CCR assinou, juntamente com o governo do Estado de São Paulo, o contrato da primeira PPP do País: a Linha 4 do Metrô de São Paulo, operada e mantida pela ViaQuatro, empresa com quatro sócios internacionais e liderada pelo Grupo CCR. Ligando o centro à zona oeste, a linha foi inaugurada no primeiro semestre de 2010 e deverá atender 1 milhão de pessoas quando estiver totalmente concluída.
Outro importante passo para o crescimento qualificado da CCR foi dado em 2009, quando a empresa concluiu a aquisição de 45% do capital social da concessionária Controlar, responsável pela inspeção veicular ambiental em toda a frota da cidade de São Paulo.
O mercado de capitais também faz parte da plataforma de crescimento e consolidação da companhia. Em fevereiro de 2002, a CCR ingressou no Novo Mercado da BM&FBovespa, estreando o segmento mais exigente da Bolsa. Recentemente, a empresa realizou uma nova emissão de ações, aumentando o porcentual de ações na Bolsa para 48,78%.
Hoje, a CCR figura entre as companhias mais premiadas e reconhecidas do mercado de capitais nacional em virtude da adoção constante das boas práticas de governança corporativa. A companhia integra os índices IBrX-50, IBrX-100, MSCI Latin America e Ibovespa, o mais importante do mercado acionário brasileiro.
«Concessionária brasileira quer entrar na gestão aeroportuária fora do Brasil. Privatização de aeroportos portugueses é alvo. A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), uma das maiores empresas ...